quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O que eu estou fazendo aqui?

A recepção estava lotada.

- De onde o senhor é?
- De São Paulo.
- E a senhora?
- De Franca, São Paulo.
- De onde o senhor é?
- De Curitiba.

Isso era o que eu ouvia enquanto esperava no Pronto Atendimento de uma clínica particular de Balneário Camboriú em uma noite desta semana. Havia apenas uma recepecionista para uma turma grande de pessoas que não queriam estar ali.

Um com braço quebrado, outra com braço quebrado, uma vomitando, outra com pressão alta – essa última tendo que responder nome da mãe, endereço completo (de Franca, SP), CEP, número de celular e outras informações que ficam bem mais difíceis de dar quando você pensa que pode ter um “piri-paque” a qualquer momento.

E assim estavam essas pessoas todas misturadas, durante horas na recepeção, aguardando atendimento, sem nem passar por uma avaliação antes pra saber quem podia e quem não podia esperar aquele tempo todo sem assistência médica.

Enquanto eu via essa cena, a primeira coisa que eu pensei foi:
- O que eu estou fazendo aqui? – já que eu só estava com fraqueza, vômito e dor no estômago.

Depois pensei:
- O que Caco Barcellos faria aqui? – imaginando a reportagem que meu grande ídolo faria sobre o sistema de saúde caso passasse por ali.

Deu vontade de dar uma forcinha pra ele. Pegar uma câmera escondida e filmar tudo aqui. Detalhe, vou repetir: era uma clínica particular.

Prefiro não pensar como estavam as públicas naquela noite.

Aí, quando chega a troca de turno, a recepcionista que chega para assumir a cadeira fala para a outra que está saindo, na frente de todos aqueles pacientes:

- Ish, vai ser uma noite daquelas. Vai acabar ficando sem recepcionista aqui, se continuar desse jeito.

- É, se me pagassem a hora eu até ficava. Mas já que não pagam, eu vou embora! – alertou a outra, aliviada, enquanto a turista de franca continuava passando mal no balcão.

- Ah, por falar nisso, você recebeu aqueles 160 reais? – continou a recepcionista com cara de sono que mal havia chegado, tentando entrar no ritmo do bonde andando.

Preciso refletir: a palavra “paciente” não tem duplo sentido a toa, não é?

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Dia normal

- E aí, como vai ser a ceia hoje à noite?

- Ah, nada demais. Pra mim é um dia normal como todos os outros.

- É, né?

- O Natal virou uma data comercial. E nem faz bem comer muito à noite.

- É verdade. Não faz.
.......

Foi assim a conversa que ouvi hoje de manhã enquanto fazia compras na verdureira para a ceia de Natal em família.
Fiquei triste.

- E o seu aniversário, você comemora? E o dia que você nasceu, é um dia normal como todos os outros?

Não. Eu não falei.
Mas deu vontade.

Tá certo que o Natal virou mesmo uma data comercial. Mas isso não diminui a importância do dia do nascimento de Jesus - a pessoa mais pura e iluminada que já esteve aqui na Terra.

Como disse um padre esses dias na televisão, "quando você dá um presente, é como você se estivesse se dando, se doando naquele gesto".

Eu não sou católica, mas tenho convicção de que o padre está certo. Quando a gente dá um presente, a gente dá pelo menos alguns segundos de felicidade a alguém. A gente se aproxima um pouco mais do coração da pessoa que convivemos no dia a dia e que às vezes esquecemos de dizer "poxa, como você é importante pra mim".

Não é o valor do presente que importa. É o gesto. É saber que durante alguns minutos - pelo menos enquanto o presente era escolhido e comprado - aquela pessoa pensou exclusivamente em você.
E isso não tem preço.

Eu comemoro o Natal. Sempre. Muito. Aproveito para abraçar forte quem eu amo, pedir perdão pelos erros que cometi com estas pessoas queridas.



Aproveito para aprender um pouco com a história linda do nascimento de Jesus. A fé de Maria e de José. A simplicidade do nascimento Dele. E todas as lições que essa História pode nos trazer.

O dia que Deus escolheu para trazer ao mundo o maior exemplo que a humidade já teve não é um dia normal. Nunca vai ser.

E desejo que não seja normal pra você também.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O lado adulto

Bárbara é minha irmã. Ela tem 10 anos de idade.
E com ela eu aprendo como é triste quando a gente tem o lado adulto mais forte que o lado criança. É praticamente uma tragédia.

Dia desses ela veio passar alguns dias das férias na minha casa para aproveitarmos a praia. Bárbara mora em Gaspar.

Depois de alguns dias de tempo fechado (e sem praia), eu já estava preocupada com a frustração que isso podia trazer. Então fomos passear em Balneário Camboriú, visitar a casa do Papai Noel e procurar presentes – tudo isso na chuva e na rua!

Quando eu achei que ela ia pedir pra ir embora, triste por não aproveitar a praia, ela disse:

- Que tempinho maravilhoso, ein, Paty?! Que delícia essas pingos de água assim caindo no corpo!

É bem isso. Depois de dias de chuva justamente no período que ela escolheu pra ir a praia, ela disse “Que tempinho maravilhoso!” sem qualquer indício de ironia nas palavras.

Rainha Bárbara

Mais tarde, quando fomos dormir, ela tinha que escolher entre quatro travesseiros. Escolheu o mais velhinho. Ruinzinho que dava dó.

- Escolhe outro. Ó, esse é novo! – eu aconselhei.
- Não, esse é bom.

No outro dia, antes mesmo de eu ouvir o “bom dia” preguiçoso que ela dá todas as manhãs, acordei com ela falando assim:

- Que travesseiro gostoso, Paty! Poxa!

Mas Bárbara não é sempre assim. Quando eu chego na casa dela, a primeira pergunta que me faz é:
- Paty, quando tu vais embora?

E assim que eu respondo, ela começa a ficar triste porque diz que já está pensando na hora que eu vou pra minha casa.

Esse deve ser o lado adulto dela. Fazer o quê... Todo mundo tem, né!?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Tchau. Até amanhã!

Todo trabalho tem momentos de estress, não tem?
Tomara que sim! Tomara que não seja só o meu! :-)

No nosso caso, na RIC Record, o que mais costuma fazer a gente dizer "hoje não é o meu dia!" são entrevistados que não aparecem, pautas que "caem" sem poder cair, edição que corre contra o tempo e por aí vai. Coisas que não estão sob nosso controle.

Mas tudo isso a gente "zera" antes de dizer "até amanhã!".
Isso porque - além de colegas de trabalho - nós somos amigos.
Sabe aquelas conversas de 5 minutos que te fazem esquecer todos os problemas que apareceram durante o dia?
Então, costuma ser assim a nossa despedida do dia de trabalho por lá.
No meu caso, quem costuma ser a responsável pelo meu "tchau" mais relaxado, é a querida Luana Lemke, que trabalha no mesmo horário que eu e produz o RIC Notícias, que eu apresento.

Eu, Luana e Douglas - pós RIC Notícias

Volta e meia o "quirido" Douglas Márcio também entra nestas conversas. Quando é comigo ele costuma terminar dizendo "não quero nada que venha de ti" - uma brincadeira bem carinhosa que ele costuma fazer. rsrs

Enfim... essas pequenas conversas, essas grandes amizades, me fazem feliz.
E desejo que todos nós tenhamos pequenas conversas, grandes amizades e muita felicidade sempre!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Só não perca a humildade

Ele tem um sorriso de menino. E gagueja.
Mas esse "gaguejar" é daqueles que dá mais suspense na fala... que dá mais carisma. Sabe?



Minha primeira entrevista com Israel Lucero foi em São Paulo, minutos antes da final do Ídolos.
E segundos depois também.
Nesta última, ele falava ofegante, quase não conseguia pensar. Difícil tudo isso pra quem tem apenas 16 (acho que agora 17) anos e se transforma em celebridade da noite pro dia, né?!

Três meses depois, volto a entrevistá-lo.
Ainda com sorriso de menino, mas agora acostumado a pergunta de repórteres.
E com algum dinheiro a mais no bolso. E na conta bancária. E na conta bancária da família.

Tenho dificuldade em imaginar o que se passa na cabeça de um menino que seis meses atrás morava numa casa simples num bairro humilde de Itajaí. E, agora, vive a "paulicéia desvairada".

Assim como disse Antônio Carlos, do Tribuna do Vale, a ele ao vivo:
- Só não perca a humildade!

É. Isso é um grande desafio. Mas é isso.
Que os olhos dele continuem brilhando a cada elogio. E que o sorriso continue de menino, entre uma palavra e outra meio falhada...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mais que uma festa

Outro dia, no posto de combustível:

- Você é quem eu estou pensando?

- Aham. Acho que sim - respondi.

- Meu, o que foi aquela festa que vocês ganharam, né?! - falou a moça simpática do caixa, a respeito da festa de fim de ano da RIC Record. Naquele dia tinha passado uma reportagem sobre a festa no Jornal do Meio-Dia, feita pelo repórter Douglas Márcio.

A festa reuniu funcionários e a família deles. Cerca de 100 pessoas.

- Fiquei pensando: como deve ser legal trabalhar em uma empresa assim, né?! Todo mundo se dá bem, é feliz. Quem dera eu.... Aqui não tem essas coisas. - ela acrescentou.

- E tu gostasse de assistir a reportagem? - questionei, tentando avaliar se realmente os telespectadores se interessam por esse tipo de assunto.

- Nossa, eu quase deixei a comida queimar porque não queria perder nada da reportagem! - respondeu animadíssima.

Interessante esse comentário. Ela está certa no raciocínio.
E eu fiquei pensando: como é importante uma empresa investir em eventos como esse, né?! De repente, ela passou a ver a empresa como um ambiente feliz, no qual ela gostaría muito de estar presente, de fazer parte.

Aproveito para dar parabéns a equipe do departamento de Eventos da RIC Record - Rodrigo Sikorski e Adriene Carlotto. A festa foi sensacional. E trouxe resultados além do que podemos ver...

sábado, 11 de dezembro de 2010

O menino. E a história do menino.

Menino tem 10 anos. Menino usa fraldas.
Quatro meses atrás, menino chegou em casa com elas cheias de sangue.
- Colocou o dedo e o pipi em mim - dizia o menino.

Menino foi levado para o Conselho Tutelar.
- Tem que ter exame no IML - duvidou e aconselhou o conselheiro.
Menino fez exame. Gritava de dor. Mas fez exame.
Há ferimentos e houve violência sexual, diz o IML.
Dói. Dói. Diz o menino.

O exame chegou para a Polícia Civil. O menino também.
- É difícil investigar, não dá de acreditar no menino - diz o doutor da delegacia.
- É que o menino é deficiente mental - explica o doutor de terno e gravata.
Ah, então tá.

Dói. Dói. Ainda diz o menino, enquanto toma cinco medicamentos diferentes por dia para que fique mais calmo.
- É uma história complicada. Melhor não falar sobre isso - fala firmemente o conselhereiro. Conselheiro Tutelar.
Ah, então tá.

E quem é que tem problema mesmo?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Mundo bom....

- O mundo é bom? - pergunta a jornalista Eliane Brum para Sapo, um mendigo, que pede dinheiro na calçada de Porto Alegre há 30 anos

- O mundo é. As pessoas é que não prestam - responde.

É uma boa maneira de começar a semana, ein?!
Li isso ontem a noite no livro A vida que ninguém vê.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quero uma casa no campo, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros

Eu costumo dizer que quem não gosta de ler é porque ainda não pegou nas mãos o livro certo.

O prazer de ler é imensamente maior quando a gente se identifica com o livro de alguma maneira e viaja junto com o autor. Não é?!

Ontem terminei de ler um livro que eu indico, recomento e com certeza darei de presente pra algumas amigas.

Sabe aquele livro Comer Rezar Amar que deu origem ao filme do mesmo nome?
Então, agora tem o livro Comprometida, que é a continuação da história.



Quando li Comer Rezar Amar, a cada linha eu pensava: Meu Deus, existe alguém parecida assim comigo em algum lugar do mundo, então?! Realmente, eu e a Liz (como a autora costuma ser chamada), passamos por uma fase bem parecida - de busca de equilíbrio, encontro com a espiritualidade e por aí vai.

E ainda bem!

Agora, enfim, no livro Comprometida, novamente me vejo em uma fase bem parecida com a dela... rsrs

Principalmente para as mulheres, está aí a dica de uma boa leitura ;-)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Por favor, mais bastidores!

Assim como Caco Barcellos trouxe nos livros "O Abusado" e "Rota 66" os bastidores de operações policiais que muita gente nem imaginava, não ia demorar muito para surgirem detalhes não conhecidos da operação que está acontecendo no RJ.

E não demorou.

Hoje, a Folha de São Paulo trouxe uma reportagem falando que policiais civis e militares são investigados porque podem ter escondido dinheiro, armas e drogas apreendidos durante a operação.

E mais!
Também teriam ajudado na fuga de traficantes.



É sério. Está na Folha: http://migre.me/2CMMW (A foto publicada aqui tb é da Folha de São Paulo)

Ainda hoje, um amigo meu carioca comentou por telefone: "A única coisa que vai acontecer é mudar os moldes. O traficante não vai mais vender lá, mas vai vender dentro dos bairros de classe média alta".

Verdade, meu amigo.

E por favor! Que apareçam mais Cacos Barcellos!

Inventar pra ficar bonito

Ontem, quando inventei uns trocadilhos no texto de uma reportagem pra RIC Record, ouvi da minha super editora, Fatê Reis:
- Tá, Patrícia, tudo bem tu inventar. Mas inventa pra ficar bonito!

Rsrsrs

Fatezinha querida, e aqui no blog, posso inventar?

Estou com receio de não ficar bonito :-(

Começando pelo começo....

Olá, queridos e queridas!

Depois de me apaixonar profundamente pelo Twitter, comecei a me sentir sem espaço, a querer mais liberdade, querer desabafar mais, ser ouvida e ouvir... enfim, tudo aquilo que relacionamentos longos - como esse meu com o Twitter - nos faz sentir depois de um tempo. Principalmente quando esses relacionamentos ficam mais estáveis. Não é assim?

É assim.

Comigo é assim.

Então, resolvi começar hoje este blog.
Desejo que eu consiga escrever todos os dias (ou quase), que eu consiga postar assuntos interessantes, que eu tenha muitos leitores - e respostas deles - e que eu consiga aprender bastante com tudo isso.
Amém.



E então, vamos começar?